Pe. Antonio Eduardo Pereira Pontes Oliveira
Pe. Rene Zanandrea
Seminarista Claudir Antonio Catto

A liturgia é, ao mesmo tempo, fonte e ápice da vida da Igreja (cf. SC, 10), ou seja, dela é que tudo parte e a ela tudo converge. Nela, pela força do Espírito Santo, o Senhor Jesus toca cada batizado que se reúne para celebrar os sacramentos, de modo especial a Eucaristia, na qual a força salvadora da Páscoa nos alcança.

Cristo confiou à sua Igreja a missão de continuar no mundo, por suas palavras e ações, sua obra de Salvação, tornando presente hoje a História da Salvação, e o faz através da liturgia, que rompe os limites do tempo e do espaço e nos faz participantes da vida de Deus que nos atrai através daquele convite feito aos discípulos: “tenho desejado ardentemente comer convosco esta ceia pascal, antes de padecer” (Lc 22,15).

Neste admirável chamado estão presentes os discípulos de ontem, de hoje e de toda a eternidade, mesmo que ainda nem todos tenham se dado conta: “o mundo ainda não o sabe, mas todos são convidados para o banquete das núpcias do Cordeiro (Ap 19,9)” (Desiderio Desideravi, n. 5), que sintetiza a missão da Igreja, seu impulso missionário que pretende levar aos confins do mundo o Evangelho para que todos possam, pela fé, se sentar à mesa da Ceia do sacrifício do Cordeiro, alimentar-se dele e viver com Ele, por Ele e n’Ele. Da e na Eucaristia nasce, alimenta-se e se consuma a missão da Igreja! Como não nos admirarmos diante de tão precioso dom? Afinal, este precioso dom não pode nos passar despercebido, como nos ensina o Papa Francisco: se faltasse a admiração, “o estupor diante do mistério Pascal que se faz presente na realidade dos sinais sacramentais, poderíamos realmente correr o risco de ser impermeáveis ao oceano de graça que inunda cada Celebração” (DD, 24).

Diante das maravilhas que celebramos na Sagrada Liturgia, precisamos nos empenhar decididamente e empreendermos um sólido e vital caminho de formação litúrgica. Trata-se de nos formarmos para a liturgia por meio de uma catequese que conduza ao mistério que celebramos (catequese mistagógica) e, também, de nos empenharmos na arte de celebrar, pois somos formados pela própria celebração e por sua ritualidade.

Tal recuperação em hipótese alguma pode acontecer de modo improvisado, pois “como qualquer arte requer aplicação constante… É necessária uma diligente dedicação às Celebrações, deixando que a própria Celebração nos transmita a sua arte” (DD, 50). Desse modo, cada um, de acordo com o ministério que exerce, vai se deixando plasmar pela liturgia que celebra, já que “cada gesto e cada palavra contêm uma ação precisa que é sempre nova, porque encontra um instante sempre novo de nossa vida” (DD, 53).

Por esta razão, mais do que nunca, é preciso redescobrir, custodiar e viver a verdade e a força da celebração cristã. Afirma Francisco: “gostaria que a beleza da Celebração cristã e suas necessárias consequências na vida da Igreja não fossem deturpadas por uma compreensão superficial e redutiva do seu valor, pior ainda, por uma instrumentalização a serviço de alguma visão ideológica, seja qual for” (DD, 16), sempre cuidando para que “todos os aspectos da celebração (espaço, tempo, gestos, palavras, objetos, vestimentas, cantos, música…) e cada rubrica [seja] observada: essa atenção seria suficiente para não furtar a assembleia  do que lhe é devido, isto é, o Mistério Pascal celebrado na modalidade ritual que a Igreja estabelece” (DD, 23).


Autores

Pe. Antonio Eduardo Pereira Pontes Oliveira

Presbítero da Diocese de Palmas – Franciso Beltrão/PR. Professor da FASBAM. Especialização em Liturgia e em Arte Sacra e Arquitetura do Espaço Litúrgico – FASBAM – Curitiba/PR.

Pe. Rene Zanandrea

Presbítero da Diocese de Vacaria. Reitor do Seminário Maior Nossa Senhora da Oliveira. Professor na Itepa Faculdades. Mestre em Teologia pela Escola Superior de Teologia, São Leopoldo, RS.

Seminarista Claudir Antonio Catto

Seminarista da Diocese de Palmas – Francisco Beltrão/PR. Acadêmico do Bacharelado em Teologia pela Itepa Faculdades.


__
As opiniões expressas no presente artigo, são de total responsabilidade de seus signatários, não expressando a posição oficial da Igreja Particular de Vacaria.

Compartilhe