Em fevereiro de 1952, com a chegada do Padre Narciso Zanatta a Ibiaçá, iniciava uma história de fé e devoção a Nossa Senhora Consoladora dos Aflitos. O Padre, nomeado pároco da paróquia de Ibiaçá, levava consigo uma imagem de Nossa Senhora, sentada sobre as nuvens, rodeada por quatro anjos. A devoção a Nossa Senhora Consoladora se propagou rapidamente pela região e hoje, depois de 70 anos, a Romaria de Ibiaçá já é um dos maiores movimentos religiosos da região sul do Brasil e está no calendário oficial de eventos do Estado do Rio Grande do Sul.

A programação da Romaria iniciou ainda em junho de 2021, com a novena mensal, e intensificou-se desde o último dia 10, com a peregrinação Padre Narciso Zanatta. Dia 18, sexta-feira, iniciou a novena diária em preparação à 70ª Romaria. A cada dia, as missas tinham uma intenção especial: os trabalhadores, os idosos e doentes, as crianças, os romeiros, os movimentos e pastorais, as famílias, os jovens e as vocações.

O momento mais marcante da novena foi a sua Missa de encerramento, celebrada no sábado (26), na qual a imagem de Nossa Senhora foi coroada. Neste ano foram escolhidos para a coroação Dom Orlando Dotti, bispo emérito de Vacaria, lembrando a história da Diocese, e a dona Sueli Belini Federle, representando a história das setenta romarias. A noite encerrou com a procissão luminosa com o carro andor, tradicional na Romaria de Ibiaçá.

No domingo (27) foi celebrada a Missa principal da Romaria. A programação encerrou no domingo à tarde, com a benção dos objetos religiosos, das plantações, das chaves, da água, da saúde e a adoração e benção do Santíssimo Sacramento. Após as bênçãos, mais uma vez os fiéis conduziram a imagem de Nossa Senhora Consoladora em procissão com o carro andor. 

As missas de sábado à noite e domingo de manhã foram presididas pelo bispo diocesano de Vacaria, Dom Sílvio Guterres Dutra, e tiveram como pregador o Pe. Pedro Alberto Kunrath, do clero da Arquidiocese de Porto Alegre.

70 anos de Romaria: olhar o passado com gratidão, o presente com paixão e o futuro com esperança

Dom Sílvio Guterres Dutra refletiu que “o número 70 é simbólico e significativo, evoca coisas importantes da Bíblia, como o número 7, que lembra a completude e a perfeição. Os 70 anos indicam, também, a maturidade consolidada das romarias”. Para Dom Sílvio, “70 significa número missionário, de completude, maturidade atingida e compromisso para frente. Não é uma celebração para olhar só o passado, mas, como dizia o pregador da nossa Romaria: olhar o passado com gratidão; o presente com paixão; e o futuro com esperança”. Ainda marcada pelo contexto pandêmico, essa Romaria, no entender do Bispo Diocesano, “tem um gosto especial, pois nós celebramos a 70ª edição depois de termos celebrado a 69ª de portas fechadas, ou seja, esse ano nós temos a alegria de marcar os 70 anos com uma certa retomada”. Ainda sobre o contexto pandêmico, Dom Sílvio relatou que falou insistentemente ao “passar nas equipes que trabalham na Romaria, que é preciso ver não aquilo que faltou e que gostaríamos de ter visto acontecendo, mas é preciso ver o grande avanço que fizemos de um ano para o outro. Saímos da não possibilidade das celebrações para as celebrações abertas e com um número bem grande de pessoas, como vimos no sábado culminante da Romaria”.

O Padre Pedro Alberto Kunrath, pregador das missas principais do sábado e domingo, quando questionado sobre as impressões que teve da Romaria, disse que “ao chegar, a primeira impressão marcante é ver que no meio do campo surge uma cidadezinha e um santuário. Estou impressionado e me pergunto sobre esse movimento que em cada lugar é diferente, mas sempre tem marcas muito pessoais. Fico impressionado não somente pelo número de pessoas que passaram pelo santuário, de todas as gerações, mas sobretudo pela religiosidade desta romaria”. Padre Pedro espera ainda que “agora, quando tudo se encaminha para o primeiro centenário desta romaria, com certeza as novas gerações vão perceber que aqui nesta romaria está o dedo de Deus e o coração de Maria”.

Padre Édio Bresolin, reitor do Santuário, destacou que “o sentimento é de gratidão por Nossa Senhora nos permitir fazer a romaria acontecer. Existia a angústia de não saber o que vinha pela frente, mas ela mostrou que tudo foi bom, acontecendo da melhor forma possível”. O Padre também aproveitou para “agradecer os romeiros, que vieram de perto e de longe, e o povo de Ibiaçá, que contribuiu para que tudo isso acontecesse”. Para o próximo ano, Padre Édio destacou que a esperança é de preparar tudo já livre de pandemia, e que “tudo será feito com muito amor e carinho, como a Mãe Consoladora merece”.

Ao término da Romaria, o Reitor do Santuário anunciou para os dias 25 e 26 de fevereiro de 2023 a 71ª edição. Como de costume, a Romaria será precedida pela novena mensal, a começar no mês de junho, sempre no último domingo do mês.

Texto: Edimar Scopel, Eduardo Martello e Renan Paloschi Zanandréa/Pascom Diocese de Vacaria
Imagens: divulgação/Matheus Pellin

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