NOTA DE SOLIDARIEDADE
AO FREI PROTÁSIO FERRONATO, DEMAIS FREIS E CONSELHO DA PARÓQUIA NOSSA SENHORA DE FÁTIMA DE VACARIA
“Quem dentre vós não tiver pecado, atire a primeira Pedra!” (Jo 8,7)
Nestes tempos nos quais as redes sociais têm se apresentado para muitos como ocasião para estabelecer uma espécie de “tribunal do júri”, onde se acusa, julga, condena e pune, num único ato, supostos errantes, é preciso apelar para a lucidez e convocar homens e mulheres de boa vontade para a urgente tarefa de propor uma outra cultura, a cultura do respeito à dignidade humana, do direito de se explicar e do apreço à verdade.
A sabedoria inigualável do Evangelho orienta a mais de dois mil anos que: “Se teu irmão pecar contra ti, vai e corrigi-o, só tu e ele! Se ele te ouvir, ganhaste teu irmão. Se ele não te ouvir, toma contigo mais uma ou duas pessoas, de modo que toda a questão seja decidida sob a palavra de duas ou três testemunhas. Se ele não te ouvir, dize-o à igreja. Se nem mesmo à igreja ele ouvir, seja tratado como se fosse um gentio ou publicano”. (Mt 18,15-17). Essa é, portanto, a pedagogia de Cristo e dos seus seguidores; fora disso está o juízo desprovido da verdade e sem misericórdia.
Sem tempo e chance alguma para esclarecer os fatos e identificar possíveis falhas no processo de aluguel do salão paroquial da paróquia Nossa Senhora de Fátima de Vacaria, o pároco, Frei Protásio Ferronato, homem consagrado e de uma qualidade acima da média no seu modo de pastorear, juntamente com os demais freis e o próprio conselho administrativo da paróquia, foi submetido a execração pública, sem piedade. Quero, portanto, manifestar aqui minha grande estima e solidariedade a eles, que prontamente atenderam meu pedido e emitiram um comunicado aos paroquianos sobre o acontecido no dia 11 de janeiro, próximo passado, no salão paroquial da já referida paróquia.
Ao observar esse fenômeno de execração pública, favorecido pelo mau uso das redes sociais, não há como não lembrar da experiência vivida por Nosso Senhor Jesus Cristo, Ele que era constantemente vigiado por fariseus, herodianos e mestres da lei, homens que não desejavam nunca o encontro com a verdade, senão que identificar possíveis erros no comportamento ou nas falas do Mestre para poderem justificar sua eliminação. Temos hoje, no fenômeno religioso, uma espécie de restauração destes grupos de outrora, perseguidores de Jesus, com um poder destruidor imensamente ampliado pelas novas tecnologias. Eles se apresentam como puros e imaculados e apregoam a eliminação de todos os que não pensam da mesma forma.
É preciso repudiar grupos, como os autointitulados “Católicos de Verdade”, que, ao melhor estilo farisaico dos tempos de Jesus, agem como agiam os fariseus e seus cúmplices, e vivem rastreando supostos pecados ou misérias humanas, para dali se alimentarem e alimentarem seus ingênuos ou igualmente perversos seguidores. Pessoas como essas não entenderam nada da missão de Jesus e, na prática, O rejeitam. Escondem-se covardemente atrás de câmeras de computadores, em gabinetes esteticamente bem planejados, e, desde lá, jogam as suas pedras e se comprazem com o sofrimento alheio. Deus nos livre e livre logo o cristianismo desta doença espiritual que contaminou esses grupos e seus gurus espalhados pelo mundo.
Mais uma vez, agradeço ao Frei Protásio Ferronato, aos demais Freis Capuchinhos e ao conselho da Paróquia Nossa Senhora de Fátima, pelo seu dedicado serviço ao Reino de Deus e pela humildade e coragem com as quais vêm administrando estes dias difíceis. Fiquemos com o Senhor Jesus, pois com Ele venceremos estas e outras situações que o futuro possa nos reservar.
“Quem dentre vós não tiver pecado, atire a primeira Pedra!” (Jo 8,7)
Vacaria, 24 de janeiro de 2025.
Dom Sílvio Guterres Dutra
Bispo Diocesano de Vacaria