Na manhã da terça-feira, dia 30 de agosto de 2022, Dom Orlando Dotti, bispo emérito de Vacaria, participou do I Seminário Nacional de Teologia Pastoral promovido pela Itepa Faculdades, de Passo Fundo.
O Seminário faz parte da programação dos 40 anos da Itepa Faculdades e tem como tema Leituras Histórico-Teológicas da Metodologia Pastoral: perspectivas para o aggiornamento no século XXI. Dentro do evento, Dom Orlando foi convidado a falar sobre o contexto da formação presbiteral e os objetivos das dioceses na fundação da Itepa Faculdades.
O Bispo Emérito de Vacaria dividiu sua fala em cinco pontos, apresentando os fatores que pesaram na transferência dos seminaristas de Viamão para Passo Fundo e na criação da Itepa Faculdades, na época Instituto de Teologia e Pastoral. O primeiro fator diz respeito a uma questão cultural:a emergência global da subjetividade. Nesse sentido, “o cristão não era mais alguém a receber coisas, um objeto, mas um sujeito dentro da dimensão eclesial. Sujeito também com responsabilidades dentro da dimensão eclesial. A subjetividade leva também a uma reflexão. Para que alguém seja sujeito de si mesmo, não pode viver em um ambiente de dispersão, mas em um ambiente de concentração”. O Bispo falava disso porque no Seminário de Viamão estudavam uma quantidade muito grande de jovens, o que “não levava à concentração, mas à dispersão; se levava à massificação das pessoas, porque não havia nomes, pessoas, mas números, apesar dos esforços da cada comunidade favorecer o seu grupo. Além disso, se estabeleciam relações secundárias, como obrigações, cumprimento de horários e regimentos e poucas relações primárias de tu a tu, entre os seminaristas e entre os padres. Isso tudo dificultava a vivência da emergência da subjetividade”.
O segundo fator para a mudança foi o local. Segundo ele, “o seminarista que saía dessas dioceses e ia a Viamão perdia o contato com a realidade da sua Igreja, de seus familiares, para viver em um ambiente fictício, em um ambiente da universalidade. Isso leva facilmente a uma teorização de tudo, perdendo o chão no qual se deve trabalhar”. Esse fator local foi, então, “preponderante e que pesou muito na criação do ITEPA”. Já o terceiro fator foi a Igreja particular. Com base nos documentos do Concílio Vaticano II, já que nela “reside e age a Igreja de Jesus Cristo, a Igreja Católica. Então, as igrejas particulares não são soma que formam a Igreja Universal, mas é comunhão, é unidade com a Igreja Universal. […] Esse conceito da Igreja Particular influenciou muito na criação do ITEPA. Eram Igrejas particulares que partiam para uma nova maneira de formar os padres para suas dioceses”.
O quarto fator foi a pastoral. Por isso, o Itepa surgiu como um Instituto de Teologia e Pastoral. Isso mostra, de acordo com Dom Orlando, que “a visão que os fundadores tiveram era de voltar um instituto voltado para a pastoral. Que toda a reflexão levasse para a pastoral. Que toda teologia fosse pastoral. Visava de forma especial a formação dos futuros padres, mas era também aberto aos leigos e leigas, aos religiosos e religiosas. Era uma reflexão teológica sobre a realidade que visava a pastoral. Viria a fortalecer também aqueles que já estavam na pastoral”. Segundo o bispo, “o Itepa não desejava se fixar somente no núcleo da teologia, mas também na prática pastoral. […] Por isso, a pastoral é nota qualificativa do Itepa. O agir pastoral nasce da reflexão pastoral. Tudo que se vê no trabalho é refletido dentro da própria instituição para ver quais os melhores caminhos, quais são as melhores decisões a serem tomadas. Esse foi um objetivo muito significante para a criação do Itepa”.
Por fim, o quinto fator importante para a criação da Itepa Faculdades foi o surgimento dos movimentos sociais, a criação do CIMI, da CPT, os sindicatos, o movimento dos trabalhadores. Sendo assim, segundo Dom Orlando, “o seminarista, na época, sentia a necessidade de participar das mobilizações que aconteciam e muitos deles como lideranças dos próprios movimentos, embora não fossem diretamente ligados aos problemas. Havia o surgimento de pastorais naquela época. O seminarista sentia a necessidade de participar e entender aquela dinâmica. Eles mesmos foram elementos que pediram e insistiram para se ter lugar para trabalhar”.
Em resumo, segundo Dom Orlando, “o Itepa surgiu para a formação mais personalizada aos seminaristas, para estar onde está o povo e para a atender a imagem do Concílio, de uma Igreja particular, com rosto próprio e evidentemente estar junto daqueles que estão no trabalho pastoral”.
Na mesma manhã, Dom Orlando dividiu a mesa com o Pe. Nelson Tonello, da Arquidiocese de Passo Fundo, que foi um dos fundadores do Itepa. O evento iniciou ainda na segunda-feira à noite e segue até a noite deste dia 31.
Texto: Renan Paloschi Zanandréa/Pascom Diocese de Vacaria, com informações do relatório do I SNTP.
Fotos: Diego Vitor/Itepa Faculdades