Fraternidade dos Capuchinhos

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Origem e missão dos Freis Capuchinhos

São Francisco de Assis, querendo viver o Evangelho de Jesus Cristo em fraternidade, fundou a Ordem dos Frades Menores em 1209. Com o passar dos anos alguns freis entenderam que esta Ordem não estava mais sendo fiel a seu fundador na vivência da pobreza, da oração contemplativa, da fraternidade e da vida missionária. Então, no século XVI, aconteceu uma grande reforma na Ordem originando três ramos: Ordem dos Frades Menores (OFM) Ordem dos Frades Menores Conventuais (OFMConv) e Ordem dos Frades Menores Capuchinhos (OFMCap).

Os primeiros capuchinhos, Frei Mateus de Bascio e os irmãos Frei Ludovico e Frei Rafael de Fossombrone, surgiram em 1526 na cidade italiana de Camerino. Inicialmente eles queriam se dedicar mais a oração e foram morar longe da cidade e do povo em um eremitério (que significa lugar de silêncio e oração). Mas, quando a cidade de Camerino foi atingida por uma peste e muitas pessoas adoeceram, os freis sentiram o Espírito do Senhor os impulsionando a deixar o silêncio do eremitério para se colocarem à serviço das vítimas da peste. Saindo do eremitério, os freis se tornaram amigos do povo, e receberam um carinhoso apelido dado pelas crianças: “capuchinho”, em razão do pequeno capuz em forma de cone que integrava o habito marrom.

Além da admiração popular, os freis contaram com a proteção da duquesa de Camerino, Catarina de Cybo, sobrinha do Papa Clemente VII. Ela intercedeu pelos capuchinhos junto ao Papa e este publicou a Bula “Religionis zelus” em 1528, que concedia o direito de viver no eremitério e também de atuar junto do povo pobre e necessitado. Então, desde sua origem, os freis capuchinhos elaboraram os elementos centrais de seu jeito franciscano de viver o Evangelho de Jesus Cristo: pobreza e austeridade, oração e silêncio, alternando momentos de solidão e solidariedade ao povo (conforme o Estatutos de Albacina de 1529).

Por isso, o frei capuchinho é aquele que reza com os outros freis, reza sozinho, faz silêncio, mas, também escuta as necessidades do povo pobre e
sofredor. Além disso, os freis ficaram conhecidos por sua pregação na linguagem popular feita com simplicidade e entusiasmo. Outra característica do frei é a alegria.

Por estes traços, logo foram chamados de freis do povo e muitos homens se tornaram capuchinhos. Já em 1580, somente na Itália, eram 3.500 freis, vivendo em 300 conventos. A Ordem dos Frades Menores Capuchinhos se espalhou por todo o mundo. Atualmente existem 10.500 Capuchinhos em 108 países dos cinco continentes.

Com uma história de oração e serviço ao povo, os capuchinhos contam com 14 freis canonizados santos, 15 freis beatos e em torno de 170 freis Servos de Deus. Dentre os santos destaca-se São Felix de Cantalice (1515 a 1587), São Lourenço de Brindes (1559 a 1619), São Leopoldo Mandic (1866 a 1942) e São Frei Pio de Piltrecina (1887 a 1968). No Rio Grande do Sul o Frei Salvador Pinzetta, em Flores da Cunha, é Servo de Deus e está em processo avançado de beatificação.

Alguns freis são padres; no entanto, todos vivem como irmãos, atuando em diferentes serviços e/ou profissões, na fraternidade, na Igreja e na sociedade. E todos os freis capuchinhos têm como lei suprema para suas ações o Evangelho de Jesus Cristo. Depois, seguem a Regra de Vida que foi elaborada por São Francisco de Assis e também as Constituições da Ordem que são atualizadas para favorecer a vivência do Evangelho nos dias de hoje. É que os freis não são chamados a repetir as ações que São Francisco de Assis fez em seu tempo, mas, ter o mesmo espírito de Francisco e olhar as necessidades atuais.

Os Freis Capuchinhos no Brasil e no Rio Grande do Sul

Os freis capuchinhos chegaram ao Brasil em 1612 e se instalaram no Estado do Maranhão. Eles eram franceses e se dedicaram a evangelizar e catequisar os índios. Mas, em 1614 a Coroa Portuguesa expulsou do Brasil todos os franceses e os freis tiveram que deixar a missão. No entanto, os capuchinhos franceses

voltaram em 1642 e se instalaram em Pernambuco, sendo expulsos novamente pela Coroa Portuguesa em 1699.

Mesmo com todas estas dificuldades, os capuchinhos retornaram ao Brasil em 1705, só que desta vez vieram os freis italianos. Estes tiveram duas grandes frentes de missão: evangelizar os índios e pregar missões populares para os colonos pobres do interior do Brasil. Desta forma, os freis se espalharam por todos os estados brasileiros. Atualmente no Brasil, os capuchinhos são 1.100 e estão distribuídos em 10 Províncias e 2 Custódias.

A única Província brasileira que não foi fundada pelos italianos é a do Rio Grande do Sul. E existe uma ironia nesta história. É que o Bispo Dom Cláudio José Ponce de Leão pediu ao Ministro Geral dos Capuchinhos que mandasse freis da Itália para evangelizar os colonos italianos da serra gaúcha. Contudo, por falta de freis italianos, o Ministro Geral mandou freis franceses da Província de Sabóia.

Então, em 1896, chegam os dois primeiros capuchinhos ao Rio Grande do Sul, Frei Bruno de Gillonnay e Frei Leão de Montsapey. A primeira morada e também o primeiro seminário dos freis em terras gaúchas foi em Garibaldi. Depois, com a chegada de outros franceses e o crescente número de freis nativos a missão se expandiu por todo o estado gaúcho. A presença dos freis no Rio Grande do Sul se consolidou e em 24 de julho de 1942 se tornou a primeira Província capuchinha no continente latino-americano.

A Província gaúcha, que leva o nome de Sagrado Coração de Jesus, atualmente conta com 180 freis e engloba todo o estado do Rio Grande do Sul e a Diocese de Criciúma no sul catarinense.

Entretanto, esta delimitação territorial nunca impediu inúmeras ações missionárias e apostólicas em outros Estados Brasileiros e até mesmo em outros países, tais como: Portugal de 1946 a 1963; Angola de 1954 a 1969; Oeste paulista de 1951 a 1955; Brasil Central (Brasília e região) de 1957 a 1981; Bahia de 1976 a 1997; Centro da África de 1976 a 1979; Mato Grosso e Rondônia em 1955 e com
maior efetivo permanece desde 1981; Nicarágua de 1991 a 2003; República Dominicana de 2003 a 2014; na França desde 1992; e no Haiti desde 2003.

Assim, em sua história, os capuchinhos gaúchos foram assumindo diversas missões das quais destacam-se: paróquias, seminários, escolas, faculdades, missões populares, pastoral hospitalar, pregação de retiros, orientação espiritual, confissões, bênçãos, presença em assentamentos, promoção social, pastoral DST/Aids, meios de comunicação social (jornal, TV, rádios, Web).

Quem é o frei capuchinho e como vive?

O frei capuchinho vive e age de acordo com o Evangelho de Jesus Cristo. São Francisco de Assis disse que o Evangelho é a lei suprema dos freis e deve ser vivido em comunhão com a nossa mãe Igreja, pois Cristo está presente nela. Então, os capuchinhos organizam-se a partir de quatro pilares: fraternidade, minoridade, oração e vida apostólica. Além disso, professam os três conselhos evangélicos: pobreza, obediência e castidade.

O primeiro pilar, a Fraternidade, quer dizer que o capuchinho precisa viver como irmão e em família. Aliás, a palavra frei ou frade é traduzida pela palavra irmão. Desta forma, o frei capuchinho é irmão dos outros freis e vive como uma família (fraternidade) onde tudo é repartido: o saber, os dons, os bens e o afeto. No entanto, ele também é irmão de todas as pessoas, animais, plantas e criaturas, pois percebe nelas a imagem de Cristo. Mas, a família preferida do frei são os doentes, os marginalizados e os pobres.

O segundo pilar é a minoridade que significa ser menor. Ou seja, o frei se coloca como pequeno (menor) diante das pessoas e das criaturas. Afinal, para servir as pessoas e as criaturas é preciso ser menor que elas. Então, o frei menor capuchinho é aquele que serve, especialmente, os que sofrem, os discriminados, e também os que nos perseguem. Entre os freis capuchinhos ninguém é superior, pois todos são iguais e irmãos, filhos do mesmo Pai. Por isso, os freis realizam os trabalhos simples e humildes, com alegria e com espírito de serviço.

O terceiro pilar é a oração e a contemplação. O capuchinho reza todos os dias com os outros freis e também reza sozinho. Mais do que repetição de palavras, a oração do frei é uma união afetiva do seu coração com o amor de Deus. Através da oração o frei assume as alegrias, as esperanças, as dores e as angústias de todas as pessoas e criaturas. E assim vive em união afetiva com Deus Pai, Filho e Espírito Santo, com todos os homens e mulheres, com as criaturas e com toda a natureza.

O quarto pilar é a vida apostólica, que é inseparável da vida de oração. A inspiração é Jesus Cristo, que viveu intensamente a oração e a prática das boas obras. Antes de qualquer atividade, o frei reza para sempre evangelizar através de seu testemunho de vida, de seu serviço e de sua pregação da Palavra de Deus. Assim, a vida apostólica do capuchinho é promover a justiça, a paz, o bem, o respeito, o diálogo, a defesa da vida e o amor à natureza e à ecologia.

A vida do frei capuchinho é construída em cima destes quatro pilares que estão em sintonia com os três conselhos evangélicos: pobreza, obediência e castidade. Com o voto de pobreza, o frei aprende a partilhar tudo o que tem com os outros freis e com os pobres, por exemplo, a sabedoria, os estudos e o trabalho. E com o voto de obediência, o frei sabe que não deve fazer a sua vontade, mas obedecer a vontade de Deus que se manifesta em Jesus Cristo, na Igreja, nos outros freis, nas pessoas e nas criaturas. Por fim, o voto de castidade e o amadurecimento afetivo e sexual ajudam na conversão do amor egoísta e possessivo em amor doação, gratuito e universal.