Neri Mezadri
A palavra metodologia, em sua origem etimológica, está vinculada a método, caminho, e logos, linguagem, palavra ou a estudo. Em sua composição é comumente traduzida pelo estudo do método. A participação, por sua vez, vincula-se à ideia de fazer parte. A metodologia participativa na Itepa Faculdades pode-se dizer que é um caminho, um jeito de ser, cultivado e perseguido ao longo da existência da Instituição. A metodologia participativa é uma espiritualidade, enquanto jeito de ser e modo de vida. Como tal exerce o poder duplo de impulsionar e atrair em direção à utopia.
E por que a metodologia ganhou tamanha relevância na dinâmica de funcionamento da Itepa Faculdades, regendo os processos de avaliação e servindo de referência para a atuação e reflexão pastoral? A resposta fundamental é: porque este foi o jeito de Jesus de Nazaré de conduzir as questões que chegavam até ele, partindo da realidade que envolvia as pessoas e desencadeando processos de transformação a partir dela. O Evangelho está repleto de oportunidades para identificarmos esse jeito de Jesus. E quando a notícia da morte do Mestre abalara os discípulos, segundo o relato de Lucas (24, 13-35).
Enquanto caminhavam desolados e “em retirada” porque nada mais parecia fazer sentido, Jesus se aproxima como forasteiro/”estrangeiro” e mostra interesse pelo que conversam pelo caminho. Quando parecem precisar de bronca vem a paciente escuta e a interlocução para que os olhos sejam abertos e os ouvidos ajudem a fazer memória dos ensinamentos para que o coração se abra à novidade. O gesto do partir o pão, consagrado na liturgia eucarística, é real e simbólico na ressignificação. A mudança na concepção implica em missão, e os discípulos largam o desânimo e o que era ponto de chegada transforma-se em nova partida.
Assim como o Evangelho, a metodologia participativa traz exigências. Não se trata de palavras ditas, do discurso enfático de defesa desta ou daquela proposta, mas de compromisso empenhado, de coerência de vida. Trata-se de cultivo pessoal diante dos desafios apresentados pela realidade e pelas pessoas que não estão dispostas a se deixar transformar. Trata-se da permanente disposição para mudar a si mesmo e se deixar transformar na direção do seguimento de Jesus, para colocar-se em atitude de abertura e de conversão.
Às vezes, temos a tentação de nos colocarmos no lugar do Evangelho, de Jesus, enquanto referências para o próprio julgamento e o dos outros. O princípio deveria ser outro: fazer de tudo para buscar coerência de vida e transformar nossa vida em permanente estado de missão. O desafio é permanente, tanto à Itepa Faculdades, no sentido de oportunizar espaços e despertar à participação, quanto às pessoas que a compõem, no sentido de ceder à pressão que transforma em direção ao seguimento de Jesus.
Questões para pensar:
1) Qual a relação entre o Evangelho de Jesus Cristo e a metodologia participativa?
2) Como lidar com as situações em que a autorreferência prevalece sobre a disposição para com a formação e a autoformação?
Autor
Neri Mezadri
Professor na Itepa Faculdades. Doutor em Educação pela Universidade de Passo Fundo (2022). Mestre em Educação pela Universidade de Passo Fundo (2007).
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