+ Dom Orlando Dotti
Bispo Emérito de Vacaria
Artigo publicado no jornal Correio Vacariense, edição de 02/11/2019.
Para todos nós, o Dia de Finados é momento e espaço para recordarmos nossos falecidos. Saudosos, os lembramos. Lembramos a convivência, a amizade, as lutas e sofrimentos comuns, as alegrias e festas partilhadas. Voltamos a contemplar seus rostos e sua história. Isso tudo faz muito bem para o nosso espírito. Finados adverte-nos para a precariedade da vida presente e nos transfere para a imortalidade da vida futura. O Dia de Finados se identifica com saudade e nos motiva para a esperança.
Para os que partilham conosco da fé cristã o Dia de Finados é plenamente entendido e vivido à luz do mistério da Morte Ressurreição de Jesus. Ao ressuscitar, Jesus não voltou à vida que Ele recebeu de sua mãe, Maria, via que Ele perdeu na cruz. Ele não recobrou a vida mortal, mas recebeu uma vida nova. Não voltou à vida anterior à morte, não deu um passo para trás, ao contrário, deu um passo para a frente. Ao sair do sepulcro, o corpo de Cristo não reassumiu a vida que tivera antes de morrer, mas assumiu um corpo incorruptível.
A vida terrena de Jesus foi vencida pela morte na cruz, mas a vida nova do Ressuscitado vence a morte. A morte não tem mais poder algum sobre Ele. A Ressurreição de Cristo é o paradigma da nossa morte e ressurreição. Todo aquele que vive e morre com Cristo e em Cristo, com Ele também ressuscita para a vida eterna.
Nossos irmãos e irmãs falecidos participam, pela misericórdia do Pai, da ressurreição do Senhor. Por isso, também desfrutam da vida nova de Cristo. Com Cristo participam da felicidade eterna junto do Pai. A glorificação universal se dará na “ressurreição dos mortos”, quando “todos serão tudo em Cristo”.
Que este dia de saudade, reflexão e oração dignifique nossa vida presente e alimente a esperança da vida nova em Cristo.
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