A Igreja celebrou no último domingo, 24 de maio de 2020, a 54ª edição do Dia Mundial das Comunicações Sociais. A celebração desta data ocorre todo ano, no domingo da Solenidade da Ascensão do Senhor.

A edição deste ano traz como tema a narração, refletindo com a mensagem escrita pelo Papa Francisco, que recebe por título “Para que possas contar e fixar na memória” (Ex 10, 2). A vida faz-se história.

Em meio ao contexto imposto pela pandemia, a Pascom (Pastoral da Comunicação) vem desenvolvendo diversas atividades ajudando a comunicar a ação eclesial e contou com ampla programação para celebrar o 54ª Dia Mundial das Comunicações Sociais.

54ª Dia Mundial das Comunicações Sociais

Nos últimos dias, devido às medidas necessárias para controlar o avanço da Pandemia causada pela Covid-19, nossas paróquias e dioceses tiveram que se adaptar. Os meios de comunicação social ganharam significativa relevância em nosso agir pastoral, pois o anúncio da Boa Nova não pode ser interrompido. Dom Paulo Cezar Costa, membro da equipe de Análise de Conjuntura Eclesial da CNBB, no texto Pandemia e Pós – Pandemia: Dez Pontos para Reflexão, escreve que “A PASCOM (Pastoral da Comunicação) tornou-se uma pastoral fundamental na vida das Dioceses, Paróquias e Comunidades. É um passo que foi dado e que não poderá retroceder. […] Por isso, o uso das mídias sociais deverá continuar a ser um grande elemento da presença da Igreja, de evangelização, demissão, de oração com o nosso povo, de promoção da caridade e solidariedade. Este caminho exigirá maior investimento nas PASCOM, na aquisição de materiais e de formação de pessoas especializadas”.

Marcus Tullius, Coordenador da Pascom Nacional, em sua mensagem, destacou a dimensão de celebrar e agradecer por esse dia. “Celebramos o Dia Mundial das Comunicações Sociais na Ascensão do Senhor. O ide, proclamado no Evangelho, nos recorda que comunicar é uma missão”. Também agradeceu o trabalho realizado aos diversos profissionais e voluntários que “não medem esforços para que a comunicação flua, para que a boa comunicação aconteça”.

A Pascom Nacional promoveu uma semana de lives que refletiram sobre o tema do Dia Mundial das Comunicações Sociais: papel da Pascom na pós-pandemia; leitura orante da Sagrada Escritura, História das histórias, desde a ótica da comunicação; arte de tecer histórias; e uma missa com os comunicadores do Brasil.

No Regional Sul 3 da CNBB, além de diversas atividades nas Dioceses, realizou-se, no domingo (24), uma live com Dom Carlos Rômulo, Bispo da Diocese de Montenegro e referencial para as Comunicações no Estado. A live, além de trazer a reflexão acerca do tema do Dia Mundial das Comunicações Sociais, apresentou algumas atividades que vem sendo realizadas e contadas nas dioceses do Rio Grande do Sul.

54º Dia Mundial das Comunicações Sociais – Live com Dom Carlos

54º Dia Mundial das Comunicações Sociais – Live com Dom Carlos

Posted by PascomRS on Sunday, May 24, 2020

A vida faz-se história

Em sua mensagem, publicada na Memória de São Francisco de Sales, 24 de janeiro de 2020, Papa Francisco demonstra seu anseio de não perdermos as verdadeiras e boas histórias, “histórias que edifiquem, e não as que destruam; histórias que ajudem a reencontrar as raízes e a força para prosseguirmos juntos”.

Tecer histórias é próprio da natureza humana, “desde pequenos, temos fome de histórias, como a temos de alimento” de modo que “as narrativas marcam-nos, plasmam as nossas convicções e comportamentos, podem ajudar-nos a compreender e dizer quem somos”. O Papa considera que o homem é “o único que tem necessidade de narrar-se a si mesmo, «revestir-se» de histórias para guardar a própria vida. […] O homem é um ente narrador, porque em devir: descobre-se e enriquece-se com as tramas dos seus dias. Mas, desde o início, a nossa narração está ameaçada: na história, serpeja o mal”.

O Sumo Pontífice faz o alerta para os storytelling utilizados para fins instrumentais: “histórias nos narcotizam, convencendo-nos de que, para ser felizes, precisamos continuamente de ter, possuir, consumir, […] histórias devastadoras e provocatórias, que corroem e rompem os fios frágeis da convivência”. Doutro modo, ressalta que “as histórias utilizadas para proveito próprio ou ao serviço do poder têm vida curta, uma história boa é capaz de transpor os confins do espaço e do tempo: à distância de séculos, permanece atual, porque nutre a vida”. Assim, “precisamos de sapiência para patrocinar e criar narrações belas, verdadeiras e boas, […] histórias que tragam à luz a verdade daquilo que somos, mesmo na heroicidade oculta do dia a dia”.

“A Sagrada Escritura é uma História de histórias”, pois “a Bíblia é a grande história de amor entre Deus e a humanidade. No centro, está Jesus: a sua história leva à perfeição o amor de Deus pelo homem e, ao mesmo tempo, a história de amor do homem por Deus”. Assim, “o próprio Jesus falava de Deus, não com discursos abstratos, mas com as parábolas, breves narrativas tiradas da vida de todos os dias” e “os Evangelhos – não por acaso – são narrações. […] O Evangelho de João diz-nos que o Narrador por excelência – o Verbo, a Palavra – fez-Se narração”.

De igual modo, a Sagrada Escritura, “desde o início, mostra-nos um Deus que é simultaneamente criador e narrador: de fato, pronuncia a sua Palavra e as coisas existem (cf. Gn 1). Deus, através deste seu narrar, chama à vida as coisas e, no apogeu, cria o homem e a mulher como seus livres interlocutores, geradores de história juntamente com Ele”.

Também esclarese que “o título desta Mensagem é tirado do livro do Êxodo, narrativa bíblica fundamental que nos faz ver Deus a intervir na história do seu povo. […] A experiência do Êxodo ensina-nos que o conhecimento de Deus se transmite sobretudo contando, de geração em geração, como Ele continua a tornar-Se presente. O Deus da vida comunica-Se, narrando a vida”.

O Papa francisco afirma que a história de Cristo não é uma história presa num passado distante, mas é sempre atual. “Mostra-nos que Deus tomou a peito o homem, a nossa carne, a nossa história, a ponto de Se fazer homem, carne e história. E diz-nos também que não existem histórias humanas insignificantes ou pequenas. Depois que Deus Se fez história, toda a história humana é, de certo modo, história divina. Na história de cada homem, o Pai revê a história do seu Filho descido à terra. Cada história humana tem uma dignidade incancelável. Por isso, a humanidade merece narrações que estejam à sua altura, àquela altura vertiginosa e fascinante a que Jesus a elevou”. Também afirma que “o Espírito Santo, o amor de Deus, escreve em nós. E, escrevendo dentro de nós, fixa em nós o bem, recorda-no-lo. De facto, re-cordar significa levar ao coração, «escrever» no coração. Por obra do Espírito Santo, cada história, mesmo a mais esquecida, mesmo aquela que parece escrita em linhas mais tortas, pode tornar-se inspirada, pode renascer como obra-prima, tornando-se um apêndice de Evangelho”. Citando diversos exemplos, afirma que “cada um de nós conhece várias histórias que perfumam de Evangelho: testemunham o Amor que transforma a vida. Estas histórias pedem para ser partilhadas, contadas, feitas viver em todos os tempos, com todas as linguagens, por todos os meios”.

Por fim, o Papa sustenta que “nunca é inútil narrar a Deus a nossa história: ainda que permaneça inalterada a crônica dos fatos, mudam o sentido e a perspetiva. Narrarmo-nos ao Senhor é entrar no seu olhar de amor compassivo por nós e pelos outros. A Ele podemos narrar as histórias que vivemos, levar as pessoas, confiar situações. Com Ele, podemos recompor o tecido da vida, cosendo as ruturas e os rasgões”. Isso se dá, pois, “com o olhar do Narrador – o único que tem o ponto de vista final –, aproximamo-nos depois dos protagonistas, dos nossos irmãos e irmãs, atores juntamente conosco da história de hoje”. Assevera que “não se trata de seguir as lógicas do storytelling, nem de fazer ou fazer-se publicidade, mas de fazer memória daquilo que somos aos olhos de Deus, testemunhar aquilo que o Espírito escreve nos corações, revelar a cada um que a sua história contém maravilhas estupendas”.

Ao término da mensagem, o Papa eleva uma oração à Virgem Maria:
“Ó Maria, mulher e mãe, Vós tecestes no seio a Palavra divina, Vós narrastes com a vossa vida as magníficas obras de Deus. Ouvi as nossas histórias, guardai-as no vosso coração e fazei vossas também as histórias que ninguém quer escutar. Ensinai-nos a reconhecer o fio bom que guia a história. Olhai o cúmulo de nós em que se emaranhou a nossa vida, paralisando a nossa memória. Pelas vossas mãos delicadas, todos os nós podem ser desatados. Mulher do Espírito, Mãe da confiança, inspirai-nos também a nós. Ajudai-nos a construir histórias de paz, histórias de futuro. E indicai-nos o caminho para as percorrermos juntos”.

Texto: Edimar Scopel/Pascom Diocese Vacaria
Imagem: Divulgação/Pascom Nacional

Compartilhe